terça-feira, 30 de abril de 2013

Pizza suíça



 A verdade sempre vem à tona. Isso é um fato irreversível, que aprendi desde cedo com a minha mãe e levo como dogma vida afora.

Parece que João Havelange, Ricardo Teixeira e Nicolás Leoz não acreditavam muito nisso até poucas horas atrás. Afinal, nem as denúncias do jornalista Andrew Jennings, da BBC, no livro “Jogo Sujo” tinham conseguido abalar a confiança dos três mosqueteiros da corrupção.

Blatter, sucessor de Havelange, conseguiu escapar das denúncias

Eis que nesta manhã, as capas dos principais jornais e portais de notícias noticiam que Havelange, presidente de honra da Fifa, renunciou ao cargo 12 dias antes da divulgação do relatório do conselho de ética da entidade apontar que ele e seus fiéis escudeiros receberam subornos da empresa de marketing ISL entre 1992 e 2000.

O documento assinado pelo alemão Hans-Joachim Eckert, uma espécie de juiz do comitê, também afirma que os culpados deixaram os cargos que ocupavam na entidade. O único a se salvar da fogueira foi o presidente Joseph Blatter, inocentado das denúncias no relatório final.
A triste notícia é que apesar de tudo, nada acontecerá aos três corruptos, uma vez que, no período em que receberam dinheiro da ISL, a Fifa não tinha um código de ética que legislasse sobre o tema.

Segundo investigação da Justiça suíça, a ISL repassou aos cartolas nada menos que R$ 45 milhões. Embora fossem apontados como os chefões da máfia da ISL, nenhum dos três comentou o assunto.

A princípio, Havelange deixou o cargo no COI, Teixeira abandonou a presidência da CBF e Nicolás Leoz, semana passada, deixou a presidência da Conmebol alegando problemas de saúde.

A verdade, meus caros, é que vendo a chapa esquentar, os paladinos do suborno esportivo saíram de fininho para não passar a vergonha de uma expulsão da Fifa.

O que acontece agora? Nada. Vamos de pizza suíça, enquanto os três riem de nossas caras, gastando um dinheiro sujo!

quinta-feira, 25 de abril de 2013

Vaias para quem?


É com pesar que chego à conclusão de que o futebol da Seleção morreu de morte matada! Sim, foi sendo minado e destruído a conta gotas por aqueles que veem o jogo como arma de poder e não como o esporte lindo que é.

Já não importa tanto se vamos ganhar a Copa em casa – o que seria lindo de ver. Importam tantas outras coisas que, novamente, deixamos escapar.

Tínhamos em mãos a chance de dar a volta por cima, usar a realização das principais competições esportivas no país para mudar muitos aspectos do esporte e da vida urbana no país. No entanto, os planos não saíram do papel e o legado foi jogado para debaixo do tapete.

Vaias à seleção deviam se estender aos dirigentes
O pior é que a conta quem vai pagar somos nós que já somos atolados com tantos tributos. O fato, minha gente, é que assistimos atônitos aos desvios de verbas, superfaturamento das obras e tantas outras coisas ruins, sabendo que, mesmo se reclamarmos, nada vai acontecer.

Fora isso, estamos atrasados uns 13 anos com relação às outras seleções. Nosso futebol já não é o mais brilhante do mundo e os últimos comandantes da canarinho teimam em tratar o selecionado tal qual um quartel onde ‘quem pode manda e obedece quem tem juízo’. É assim que Parreira, Dunga e Felipão trataram o futebol até agora.

Não precisamos estar entre os melhores sempre. Mas precisamos evoluir. Se as outras seleções conseguiram por que não nós? Entressafra de jogadores, fase ruim, calendários apertados etc. não são respostas aceitáveis.

Temos que mudar a cabeça do dirigente, dos técnicos e mesmo dos jogadores. Falta profissionalismo e dedicação. E isso de certa forma acontece porque ganha-se muito para atuar nos gramados. O dinheiro fala mais alto que a capacidade técnica, que a vontade em campo e o merecimento. Muitos atletas têm sido convocados por outros interesses.

E aí, quando a torcida vaia e pega no pé, ainda acham que os presentes na arquibancada estão errados. Mas não estão. 

Desaprendemos a ter respeito ou qualquer emoção pela seleção desde que ela começou a ser sucateada ostentando no peito as cinco estrelas do pentacampeonato.

Quem hoje se preocupa com a canarinho se o clube pelo qual torce lhe dá mais emoção? Ninguém!

Então, a vaia de ontem à seleção não deveria ser direcionada apenas aos atletas ou ao técnico, mas a todos que transformaram a arte em negócio. Uma salva de palmas aos envolvidos (só que não)!


P.S. Felipão que me perdoe, mas volante bom é aquele que sabe marcar e sair jogando bem com a bola. Cito só alguns exemplos: Falcão, Vampeta e agora Paulinho. Se isso não te enche os olhos, que pena da nossa Seleção!

terça-feira, 23 de abril de 2013

Ah se fosse verdade...



Na última segunda (22/4), um grupo hacker chamado Syrian Electronic Army invadiu as contas oficiais no Twitter da Fifa e de seu presidente Joseph Blatter. Os ciberativistas anunciaram a renúncia do chefão da entidade.

Nas mensagens, os hackers diziam que Blatter admitia ter recebido para realizar a Copa do Mundo de 2022 no Catar para sustentar a entidade.

Blatter não assume casos de corrupção
Logo após a divulgação dos falsos tuítes, a Fifa pediu à imprensa que checassem as informações sobre a entidade no site da mesma, já que não conseguia apagar as mensagens postadas pelos hackers.

Brincadeiras à parte, quem não ficaria feliz com a renúncia de Blatter e a admissão dos crimes de corrupção que o mundo todo conhece?

Ao que me parece, o futebol por sua ampla expansão global deixou de ser apenas um esporte, tornando uma ferramenta política das mais poderosas. Afinal, através da bola é possível ganhar influência, dinheiro e poder.

Nós, que amamos o jogo, ficamos assistindo a tudo isso impassíveis porque as entidades que comandam esse mundo de sonhos – Fifa, Uefa e CBF – são entidades privadas e não dependem da nossa aprovação para continuar gerindo o esporte como uma máquina caça-níqueis.

Seria lindo – em um mundo utópico, eu sei – se em todo o mundo os torcedores fizessem greve e deixassem de ir aos estádios e assistir aos jogos ao menos um dia no ano. O impacto financeiro disso talvez abrisse os olhos para os mandatários do futebol.

Seria bom se, em vez de tratados como gado ou simples consumidores, fôssemos vistos como aquilo que realmente somos: torcedores.

É a nossa paixão que move essa máquina de milhões. Sem todos nós o que seria da Fifa, da Uefa, da CBF e de todas as confederações nacionais? A pergunta fica sem resposta, mas faz a gente pensar que seria lindo, de verdade, se as mensagens postadas pelos hackers fossem verdade e pudéssemos começar tudo de novo!

segunda-feira, 22 de abril de 2013

Salve Julio!


Já dizia a música popular que “Goleiro não pode falhar/ Não pode ficar com fome/ Na hora de jogar/ Senão, um frango aqui, um frango ali,/ Um frango acolá”. Fico imaginando se todo mundo que corneta os arqueiros mundo afora gostaria de estar no lugar deles em um momento decisivo? Certamente não.

Afinal, quem pode aguentar tanta pressão e, ainda assim, conseguir fazer milagres? Muitos são os exemplos: Cássio, Marcos, Rogério Ceni, Dida, Taffarel, só para falar dos mais recentes. No entanto, digam qual desses grandes goleiros nunca levou um frango ou falhou em um momento decisivo? Todos eles, certo?!

Julio Cesar conquistou nove títulos com a camisa do Corinthians 


Pois bem, na madrugada de ontem (21/4), fiquei sabendo que Julio Cesar, ex-titular do Corinthians, será emprestado para o Criciúma. Não que eu seja contra a transferência de jogadores. Foi-se o tempo em que eles eram “amarrados” aos clubes por contratos que o impediam de mudar de camisa.

Acho até que a mudança de ares ajudam os atletas a ganhar experiência, confiança e, claro, o dinheiro que vai ajudar a cuidar da vida depois que o futebol findar.

Sim, já cornetei o Julio Cesar. Como torcedora tenho esse direito. Mas as críticas foram pontuais. Afinal, sempre o achei um cara bacana, correto e esforçado e, jamais faria dele o Judas do meu time por sua incompetência em dados momentos.

Julio Cesar falhou nas quartas de final com a Ponte Preta no Paulistão 2012. No entanto, ele também foi o cara que pegou muito em 2011 na campanha do pentacampeonato brasileiro. Ou será que a memória curta dos arquibaldos esquece que torcemos como nunca para ele voltar para debaixo da trave após a contusão que levou ao gol o jovem Renan,que não aguentou a pressão e sucumbiu em jogos importantes?

Não me esqueço disso. E me emociono sempre que lembro do Julio comemorando aquele título no Pacaembu. Afinal, ele mereceu tanto quanto os outros ou até mais, já que a desconfiança sobre ele sempre foi um adversário a mais dentro de campo.

Desde aquele erro contra a Macaca, Julio Cesar passou de herói a vilão! Recaiu sobre ele a culpa de uma derrota que deve ser dividida entre os outros 10 que estavam em campo. Afinal, goleiro não ganha jogo sozinho. Se a zaga, o meio campo e o ataque tivessem funcionado, aquela partida teria outro final. E, talvez este outro fim tivesse mudado os rumos do Corinthians no ano perfeito de 2012 (vai saber?!).

Fico pensando se os corintianos farão de Julio Cesar o novo Barbosa do futebol nacional? Seria justo com ele carregar a cruz de erros de um grupo como o ex-goleiro do Vasco e da Seleção Brasileira carregou até o fim?

Em 2011, entrevistei o psicólogo do esporte João Ricardo Cozac sobre os casos constantes de suicídios/crimes envolvendo goleiros. Naquela época, somavam-se cinco casos do tipo. O especialista explicou que a pressão sobre esse jogador são muito grandes e podem levá-los a atos como os citados acima.

“O goleiro trabalha à parte dos outros jogadores e uma falha dele pode ser decisiva na decisão de título ou vencer uma partida. A posição do goleiro é meio ingrata. É a única posição dentro de campo em que não se pode errar”, relatou o psicólogo que já trabalhou em grandes clubes de São Paulo.

Segundo Cozac, os goleiros têm o que chamamos de emocionalidade exacerbada, ou seja, têm uma personalidade acima do nível dos demais, já que sua posição requer muita coragem.  Diante disso, qualquer falha faz com que esse jogador viva entre o céu e o inferno, o tempo todo. Para Cozac, as falhas acontecem porque “muitos goleiros são pessimamente treinados emocionalmente. Na hora que mais precisa-se desses atletas, eles não conseguem resolver por não ter um emocional fortalecido como se espera”.

O fato é que esquecemos que os goleiros são falíveis, tanto quanto o atacante que perde um gol incrível na linha do gol, o zagueiro que fura uma bola dentro da área ou um volante driblado na intermediária. E a culpa de uma derrota e de uma derrota devem ser compartilhadas com todo o time. Fazer do goleiro o saco de pancada é sacanagem pura.

Julio Cesar foi tão atacado pelos críticos das arquibancadas que precisou encerrar sua conta no Twitter, perdendo seu direito de ter um perfil no microblog por conta dessas pessoas perdem o limite entre a razão e a emoção.

Ao saber de sua saída do clube fiquei triste e aliviada. Triste porque não gostaria de vê-lo saindo por “desconfiança”, mas aliviada porque sei que essa mudança vai trazer a ele um pouco de paz e experiência para dar a volta por cima e voltar ao Parque São Jorge com o campeão que é. 

E você corintiano, se sente bem com isso? Se sua consciência diz que sim, então não sei o que é ser torcedor. Agora, se você se sentiu mal pense comigo: quer ajudar a criar um novo Barbosa?! Se a resposta não, vale à pena homenagear a prata da casa que ajudamos a espantar!



P.S. Se fosse tão ruim, acham que ele teria tantos títulos com a camisa do clube? Além do Brasileiro (2011), Libertadores (2012), Mundial de Clubes (2012), também conquistou outros canecos, como Copa São Paulo de Futebol Júnior (2004 e 2005), Campeonato Brasileiro (2005), Campeonato Brasileiro Série B (2008), Campeonato Paulista (2009) e Copa do Brasil (2009). 

sexta-feira, 19 de abril de 2013

Agora o bicho vai pegar!


Futebol é emoção. E quando falamos de futebol na Libertadores, haja coração!

Pela primeira vez na história da competição, seis times brasileiros disputarão as oitavas de final. Não foi fácil o caminho até lá. São Paulo, Grêmio e Palmeiras quase ficaram de fora por conta própria.

Ontem, após os últimos jogos da primeira fase conhecemos os adversários conhecemos os confrontos e já tem gente chorando. Não são os brasileiros, mas os torcedores argentinos do Boca Juniors que colocaram o Corinthians no Trend Topics do Twitter no país de tanto comentar o temor de enfrentar o campeão do mundo.

Romarinho empatando jogo na Bombonera, em 2012


Se pensarmos que o Boca Juniors sempre foi o bicho papão da competição, chega até ser engraçado o desespero dos hermanos. Significa que, embora eles tenham o melhor jogador do mundo, nossos clubes são mais fortes e dominaram o cenário futebolístico da América do Sul nos últimos anos.

Outra parada dura será a do São Paulo, que volta a enfrentar o Atlético Mineiro agora valendo uma vaga na próxima fase. Com certeza, Ronaldinho Gaúcho não vai encarar esses jogos como treino. Porque, se levar na brincadeira, os mineiros provarão que, mais uma vez, são as surpresas mais desagradáveis do torneio.

Grêmio, Fluminense e Palmeiras terão jogos relativamente mais fáceis. No entanto, terão que errar menos e colocar o coração na ponta da chuteira para seguir em frente.

Decisão mesmo tem o Corinthians, que vai à Argentina tentar eliminar seu adversário na final de 2012. Os tempos mudam, o futebol evolui e, embora favorito, o alvinegro não pode esquecer o peso da camisa do Boca.

Garantida mesmo só a certeza de bons jogos e muita emoção. Só esperamos que a Conmebol passe a realizar seu papel enquanto organizadora e evite que cenas como as de ontem, no Chile não se repitam. Afinal, futebol é alegria. Violência não casa com essa ideia. 

quinta-feira, 18 de abril de 2013

Fé, raça e determinação tricolor


Salve, salve moçada! Libertadores é emoção pura até o final. Que o digam os são-paulinos que, como a maior parte da imprensa, não acreditava no milagre da classificação para as oitavas de final.

Não tenho dúvidas de que futebol é tão amado justamente por ser tão imprevisível. Por maior que seja o favoritismo de um clube, outro menor pode simplesmente derrubar o óbvio ululante e acabar com a mística dos gramados.

O capitão mostrou compromisso com a equipe na decisão

Ontem (17/4), o São Paulo mostrou que, mais que um time de fé, tem uma camisa de peso capaz de superar qualquer favoritismo quando joga com vontade.

O maior pecado do Atlético Mineiro foi menosprezar um time como o Tricolor. O tricampeão da Libertadores pode não ter o melhor elenco e nem apresentou um futebol sensacional, mas apostou na seriedade em campo, enquanto os jogadores do Galo encararam com confronto como um treino (Ronaldinho Gaúcho deve estar arrependidíssimo até agora de ter dito isso no intervalo).

O fato, caros leitores, é que agora o time do Morumbi vem com força e fé para a próxima fase e pode colocar água no chopp da festa mineira. Não duvido que isso aconteça e a equipe de Ney Franco se torne uma das cotadas ao título.

Mas, para tudo isso acontecer, o São Paulo terá que aceitar suas limitações – que são muitas – e jogar focado, jogo a jogo, como tem feito o rival Palmeiras. Afinal, Libertadores não é Paulistão e será preciso vencer a próprias deficiências para seguir em frente.

Se o Galo jogar focado como na primeira fase (até o jogo de ontem), tem grandes chances de eliminar o rival paulista e seguir firme e forte na competição. Do contrário, pode ser mais um cavalo paraguaio comandado por Cuca, basta lembrar o Cruzeiro de 2011!

Por fim, aos amigos torcedores do São Paulo recomendo um pouco de pé no chão. Já tem gente contando com o título. Calma, muita calma nessa hora, pois tem água à beça para rolar debaixo da ponte. Mas comemorem sim! A vitória foi linda e merecida.

E o futebol é lindo por isso, por nos proporcionar noites de MUITA emoção!