quinta-feira, 21 de março de 2013

Larga o osso, Blatter!


O poder transforma as pessoas. Eu, em minha parca experiência, acredito que essa transformação é sempre para pior. Afinal, o poder corrompe e isso é um fato!

Nos últimos anos, entidades como COI, Fifa, Uefa, CBF e tantas outras foram colocadas em xeque!  A corrupção se entranhou nessas organizações e assistimos a tudo isso sem poder fazer muita coisa. Afinal, não são organismos públicos e, como entidades privadas, não dão a mínima para nossa opinião.

Blatter quer fazer sucessor em eleição na Fifa

Joseph Blatter, presidente da Fifa, é um dos sujeitos que mais nos causam arrepios. Sabemos tintim por tintim de seu envolvimento com desvios, lavagens de dinheiro e tantas outras transações escusas.

A candidatura de Blatter, para nossa sorte e alegria, está chegando ao fim. E quando pensávamos que este senhor sairia de cena. Eis que hoje (21/3), em Madri, ele revela que só não disputará sua quinta reeleição “desde que haja um candidato para substituí-lo que ele considere comprometido em continuar o trabalho de "globalizar" futebol”.

Para bons entendedores, como somos, o aviso soa assim: se eu não fizer meu candidato, vou concorrer e continuar mandando no futebol mundial.

A ideia de Blatter é que seus sucessores sejam Michel Platini, atual presidente da Uefa, e Angel Maria Villar, presidente da federação espanhola de futebol e vice-presidente tanto da Fifa como da Uefa. Ora, nem precisa dizer que ambos são seus aliados e que serão paus mandandos do senhorio.

O que vemos é que Blatter não quer largar o osso! Afinal, o que fará da vida sem tanto acesso a dinheiro e sem o poder que o futebol lhe traz? Pois é, amantes do futebol, pelo visto, vamos engolir seco... de novo!

sexta-feira, 8 de março de 2013

Uma vaia à impunidade!


Vivemos num país de estereótipos. Mulher que gosta de futebol ou é “maria chuteira” ou é “sapatão”. Pode isso, Arnaldo?! Claro que não!

Não existe regra, norma ou lei que proíba ou impeça que mulheres, como eu, amem o esporte tanto quanto meus amigos do sexo masculino. E sim, entendemos tanto de futebol quanto vocês e, em alguns casos, um pouco mais, pois observadoras, conseguimos ver atrás das entrelinhas fatos que passariam batidos. É o tal do faro feminino.

Lágrimas de crocodilo!
Mas este texto não é uma defesa da presença feminina nas redações de esporte ou na prática do futebol.  O preconceito ainda existe, mas somos valentes o suficiente para passar por cima de tudo isso com o tempo.

Na verdade, no Dia Internacional da Mulher, faço uma reflexão sobre a condenação do ex-goleiro Bruno Fernandes a 22 anos e três meses de prisão, acusado de ser o mandante da morte de Elisa Samudio.

Não é a primeira vez que uma atleta se envolve num crime de morte. O.J. Simpson matou a esposa, Oscar Pistorius a namorada e Bruno a amante. As histórias dos três têm enredos diferentes, mas no fim das contas, são bem semelhantes num aspectos: todos imaginaram que a fama no esporte poderia servir como escudo para a Justiça.

Azar dessas mulheres que morreram vítimas da violência doméstica, tão comum ainda no mundo e no Brasil.

Sabemos que existem, existiram e sempre existirão as chamadas “marias chuteiras”. E se pensarmos, é comum que jovens se apaixonem por seus ídolos ou se envolvam por eles por causa de dinheiro, como parece ser o caso de Elisa Samudio.

O que não dá pra aceitar é que pessoas ligadas a grandes clubes ou mesmo estrelas do esporte, achem que sua fama é maior que a Justiça e as leis.

Fico pensando que, se não teria saído mais barato e honroso a Bruno pagar a pensão ao filho que tinha com Elisa. Ele não tinha um salário baixo no Flamengo. E, perto de tantos brasileiros, tinha o suficiente para criar um bebê que tem seu próprio sangue.

Ao contrário disso, decidiu “eliminar” o problema, como se Elisa fosse um inseto que estivesse incomodando. E pode ser que estivesse mesmo. Mas não estaria ela buscando um direito de seu filho?

Talvez nunca saibamos o que se passaram nos dias em que Elisa foi sequestrada e morta. Só não consigo esquecer a cara de pau de Bruno negando tudo, com uma frieza de congelar o deserto do Saara.

Pior disso tudo é saber que, apesar da pena, em três anos ele estará em liberdade, como se a vida de uma mulher estivesse acima de seu posto como goleiro do Flamengo. Mas, mais cruel ainda é saber que dois pequenos clubes de Minas Gerais – Boa Esporte e Guarani-MG - fizeram propostas para contratá-lo assim que sair da cadeia.

Será que não passa na cabeça desses dirigentes que estão contratando alguém perigoso? Que ao menos sinal de ameaça elimina seja quem for?

Não sei se Elisa era boa moça ou se estava chantageando ex-goleiro. O que sei é que mais uma mulher foi vítima de um esportista que pensou que ser maior que a lei. Por pior que fosse, Elisa não merecia a morte cruel a qual foi submetida, da mesma forma que Bruno não merece voltar ao futebol como se nada tivesse acontecido.

No esntanto, no país da impunidade, tudo pode acontecer. Mas me indignar como tudo isso ainda é meu direito como mulher e cidadã, certo?!


P.S. Um viva às mulheres pioneiras que adentraram aos gramados para cobrir futebol. Vocês são meu exemplo!

quinta-feira, 7 de março de 2013

"Até quando vai ficar sem fazer nada?"


Torcedores de plantão! O tempo passa, mas o assunto volta à pauta. Se há 15 dias discutíamos a violência nas arquibancadas e o papel das torcidas organizadas nesses tumultos, após a noite da última quarta (6/3) voltamos à baila do mesmo tema.

Não é por menos. Após a derrota do Palmeiras diante do Tigre, na Copa Libertadores, membros da maior organizada alviverde sentiram-se no direito de, em pleno aeroporto argentino, partir para cima dos jogadores, machucando inclusive o goleiro Fernando Prass, que teve um corte na cabeça após ser atingido por um copo arremessado por um “dito” torcedor palmeirense.

Goleiro saiu machucado da confusão
Após as cenas de violência, três “elementos” foram presos. Mas será que isso é o suficiente? De acordo com portal Lancenet, eles apenas serão ouvidos e liberados, sem pagar pelo prejuízo físico e moral!

Por muitos anos, e até recentemente, confesso que fui a favor da existência das torcidas organizadas, pois entendia que extingui-las pode não dar em nada, já que poderiam ir ao estádio sem camisas ou símbolos, independentemente das proibições. Também sempre fui contra generalizações que, muitas vezes, tacham determinado grupo pelos erros de alguns. Embora tenha sido proibida pelos meus pais de fazer parte de uma das maiores torcidas organizadas do Corinthians – e agora vejo como tinham razão nisso -, cheguei a ir duas vezes na quadra da tal entidade e fui muito bem recebida. O clima era amistoso, muitas famílias, jovens e até idosos, todos unidos pelo amor ao clube.

Acho até que o objetivo desses grupos sempre foi de paz e harmonia em prol dessa paixão chamada futebol. Entretanto, no meio de grandes massas sempre há aqueles que extrapolam. E agora pagamos o preço por isso.

Não creio que o modelo adotado pela Inglaterra para conter os hooligans seria adequado ao Brasil. De certo modo, os preços dos ingressos já são abusivos para a realidade do trabalhador brasileiro e sou contra a elitização de algo tão popular. Mas, entendo que cabe ao Ministério Público, às entidades de seguranças e aos próprios clubes encontrarem formas de punir os responsáveis pela violência, coibindo de vez o medo do torcedor comum de frequentar os estádios.

Posso ser inocente, mas o ideal seria um cadastro nacional de torcedores – como era proposto no estatuto do torcedor. Estariam neles todos os membros das organizadas, dos programas de fidelidade e até o cidadão comum que vai de vez em quando às arquibancadas. A proposta não é simples e nem barata. Demanda tempo, dinheiro e, mais que tudo, vontade política.

Se o tal cadastro já existisse, ao ser pego infringindo a lei, o dito torcedor – porque torcedor de verdade não mata, não agride e muito menos destrói bens públicos e privados – seria banido do estádio, tendo de se apresentar em horários e dias de jogos do seu time numa delegacia especializada. Aí a generalizações acabariam. E a violência talvez.

No entanto, o que vejo é uma passividade de todos os envolvidos. O assunto volta à tona, retomamos as mesmas discussões e nada é feito nesse sentido. Fico me perguntando, tal qual na música do Gabriel O pensador, ‘até quando vamos ficar sem fazer nada?’.

Até quando, hein?!



(*) Trecho da música “Até quando?”, de Gabriel O Pensador, Tiago Mocotó e Itaal Shur

terça-feira, 5 de março de 2013

Inquestionável, Zico!


O Brasil foi – e ainda é – um grande celeiro de craques. Pode ser que as últimas safras não tenham sido tão valorosas, mas não podemos negar que o brasileiro nasce como DNA do drible, da ginga e da raça. Alguns podem não saber usar direito esse código genético, mas lá no fundo, todo mundo tem um pouco de Pelé, Garrincha e Rivellino.

Zico, um ídolo de todos os tempos

Ali pelo início dos anos 1970, surgiu em Quintino, na zona oeste do Rio de Janeiro, um craque franzino que vivia numa casa simples, mas que tinha não um, mas outros três craques (Edu, Antunes e Nando) da bola. Mas o menorzinho deles, o tal do “Arthurzico”, como era chamado pela mãe, se destacava.

Seu talento começou a aparecer ainda nas peladas das ruas do bairro, até que um dia, quando atuava pelo Juventude de Quintino, o radialista Celso Garcia viu Zico marcar 10 gols numa única partida e não pestanejou em levá-lo ao Flamengo.

Lá na Gávea, Zico passou uma transformação. Após um período de preparação física, ganhou ‘corpo’ e a chance de dar à nação rubro-negra alegrias por quase duas décadas. Mas isso era pouco. O craque tinha futebol para levar um País à loucura com seu talento e trato com a bola.

E assim foi. Zico conquistou tudo: carioca, brasileiro, libertadores, mundial. Faltou apenas a tão sonhada Copa do Mundo que esbarrou num tal de Paolo Rossi. E o que isso mudou na vida do Galinho de Quintino? Nada!

Zico nasceu para ser ídolo. Não só rubro-negro, mas de todo o Brasil. Porque com sua infinita simpatia e sua elegância, conquistou os corações dos brasileiros, tornando algo que poucos conseguiram: um ídolo sem cores!

Único, Zico chega aos 60 anos contribuindo para que o futebol não perca seu rumo e vá ladeira abaixo. Falta só um pouco de espaço para que craques como ele possam ensinar a nossos cartolas como a bola e o jogo devem ser bem tratados. Afinal, ele sim sabe o que faz!