quarta-feira, 24 de julho de 2013

A crueldade do tempo

O tempo é cruel. Passa tão rápido que, quando notamos, acabou. Assim aconteceu com Djalma Santos. Depois de 84 anos de uma vida de glórias, saiu de fininho, deixando um baita buraco na nossa história.

Como o tempo é cruel... Não vi Djalma jogar. Mas, cresci ouvindo sobre sua primazia na lateral direita e invejando os clubes dos quais ele vestiu a camisa.


Djalma Santos foi uma lenda na lateral direita

O tempo é mesmo muito cruel. Estava aguardando a melhora na saúde de Djalma para propor-lhe uma entrevista para o meu próximo livro e, quem sabe, alinhavar a ideia de sua própria biografia. Não deu tempo.


Embora cruel, o tempo permite que possamos relembrar as glórias e a maestria de Djalma, que passou uma Copa inteira no banco e, em um único jogo – a final de 58, acabou sendo escolhido para a seleção do torneio.


Imagino que ele deva ter feito a festa contra o meu Corinthians lá nos anos 50. Mas tudo bem. Existem ídolos que ultrapassam as cores dos clubes porque são tão geniais que nos permitem engolir o orgulho clubístico e aplaudir sua maestria.


Hoje, em sua despedida, não importa se ele foi Portuguesa, Palmeiras ou Atlético Paranaense. O que vale mesmo é saldar um mestre com a bola nos pés, um ídolo imortal e um homem a se admirar.


Viva Djalma Santos!




segunda-feira, 1 de julho de 2013

Valeu, Paulinho!

Coração de torcedor sofre, sofre muito! Arde de amor pelo clube, chora de tristeza nas derrotas, vibra com a empolgação de uma vitória e fica irreversivelmente machucado quando se despede de um ídolo.

Durante toda sua vida, o torcedor ficará com incontáveis cicatrizes desse gênero. Nada dura para sempre e foi-se o tempo em que era possível a um atleta vestir o mesmo manto por toda – ou por quase toda – sua carreira. 


Honrou a camisa como poucos


Os tempos mudaram... No entanto, o que nunca muda é a forma como o coração do torcedor bate. Esse nunca aprende a lição. 


Derrete-se de fanatismo pelo time e morre de amores pelos craques.

Paulinho chegou ao Corinthians há apenas três anos. No começo, como sempre, foi recebido com a devida atenção, mas com aqueles olhares desconfiados de quem ainda estava machucado pelo adeus a outro jogador. 

Podem não acreditar, mas Paulinho estava destinado ao Corinthians. Para o atleta que quase deixou os campos por causa do racismo, ali no Parque São Jorge onde cores, raças e credos se misturam, encontrou o seu lugar.

Não é preciso dizer tudo o que ele fez ao Corinthians. O torcedor sabe que nos últimos anos ele conquistou espaço na nossa história. Embora sua trajetória não se resuma a números, podemos dizer que a imagem dele subindo no alambrado e abraçando um torcedor após marcar um dos gols mais importantes de nossas vidas resumem o seu significado para os corinthianos-apostólicos-romanos!

Paulinho conquistou o mundo e o mundo agora o requista para novos desafios. Não vou dizer adeus. Acho que um até logo já serve. Porque a gente sabe que, embora ele não vá vestir nosso manto por algum tempo, em nosso imaginário sempre estará presente nos campos dos nossos sonhos. 

Valeu, Paulinho! Até breve!


P.S. Só dois elementos não gostam de volantes que marcam gols: Felipão e o adversário de Paulinho!



Publicado originalmente em 27/6/2013, em minha coluna no Portal Terceiro Tempo.

As lições da Copa das Manifestações

Amigos e amigas, o inimaginável aconteceu. O Brasil não só ganhou da Espanha na final da Copa das Confederações, como deu um baile no melhor futebol do mundo. Não adianta dizer eu já sabia. Não, ninguém sabia que isso ia acontecer!

A favor da seleção, mas contra o lado podre do futebol

Talvez as mais patriotas, que assistem futebol alienados do que está ao redor dele, tenham tido a certeza/esperança de que a seleção de Felipão sairia campeã da competição. Os outros, aqueles que acompanham o esporte diariamente, com olhos mais argutos, sabiam que a missão era difícil.

Essas pessoas, Felipão e alguns jogadores, não entenderam nada do que a imprensa esportiva criticou nos últimos anos e dias. Ninguém critica a Seleção Brasileira e o futebol por puro prazer ou masoquismo. Criticamos a falta de planejamento, o estágio de decadência no qual estávamos nos afundando, a corrupção na CBF, o fato de um homem como Marin comandar nosso maior orgulho nacional e, em parte, o autoritarismo do técnico do selecionado.

E isso, amigos, é o dever da imprensa. Não porque quer se desfazer daquilo que mais amamos, mas porque é seu dever alertar sobre essas questões e fazer com que o torcedor reflita além da bola em campo.

Não é à toa que milhares foram às ruas para protestar contra os gastos exorbitantes com a futura Copa do Mundo. E não fizeram isso porque não querem a competição no Brasil ou porque torcem contra a Seleção. Nada disso! Queremos que as coisas sejam feitas do jeito certo, dando atenção a coisas tão ou mais importantes quanto o futebol. Simples assim!

Brasileiro ama futebol e, consequentemente, ama a Seleção. E isso, nem em tempos de ditadura, fez com que torcêssemos contra nosso futebol.  Quem achou que era isso, como disse Daniel Alves e Felipão em suas últimas coletivas de imprensa, é porque não entendeu nada.

Uma coisa é contestar os desmandos de Marin, Fifa e CBF. Outra é torcer a favor de que nosso futebol voltasse a ser brilhante como sempre foi.

Ganhar da Espanha, e de goleada, é bom e dá ao Brasil a força que precisava para enterrar de vez o Maracanazzo e levantar a taça em solo brasileiro. Mas isso, amigos, jamais vai apagar o dever de informar e questionar o que está errado.


Temos que aprender a torcer a favor do Brasil dentro e fora do campo. Porque se o esporte mobilizou tantas pessoas na “copa das manifestações”, imagina o que não pode fazer a favor de tudo aquilo que interfere em nossas vidas diariamente? Pense nisso!

quinta-feira, 13 de junho de 2013

Carta aberta à presidenta Dilma!

Cara presidenta Dilma Rousseff

Tenho um orgulho danado em ter ajudado a elegê-la com meu singelo voto. Porque você militou com diversos amigos meus, sei que comeu o pão que o diabo amassou nas mãos da ditadura em uma luta que me proporcionou viver hoje em uma "democracia".

Fiquei emocinadíssima quando a ouvi dizer que preferia "o barulho da imprensa ao silência da ditadura", pois acho que em um estado democrático todos têm o direito de se expressar, mesmo que seja contra aquilo que pensamos ou acreditamos.

Polícia preparando cerco aos manifestantes
Vejo como meu país mudou para melhor após o governo Lula e o seu. Consigo enxergar as mudanças, embora falte muita coisa a ser feita. Mas um dia chegamos lá.

Agora me admira que a senhora, que lutou e sabe o peso da repressão, não venha a pública se manifestar a favor dos protestantes, estes que estão nas ruas sendo massacrados pela Polícia Militar, essa mesmo que aprendeu nos porões da ditadura a prender, matar e torturar.

É inadmissível que o seu partido, do chamado Partido dos Trabalhadores, se omita em um momento desses. Vocês nos ensinaram a lutar por nossos direitos e como podem agora, quando lutamos por tarifas justas no transporte público se calam?

Não é possível que tal como os tucanos vão nos tachar de baderneiros, vândalos ou coisas do tipo?!

Eu não tinha participado de nenhuma das manifestações até hoje (13). Para minha surpresa, o protesto passou próximo a redação na qual trabalho e desci para apoiar o movimento. Tudo caminhava bem. As pessoas gritavam suas palavras de ordem, entregavam flores para os transeuntes, em ordem, numa boa....até que a polícia, pelas costas, começou a atirar bombas de gás lacrimogênio e balas de borracha. Consegui fugir e retornar ao prédios. Mas quem não conseguiu?

Alguns colegas da imprensa estão feridos, sem contar os outros que devem estar sangrando pelas ruas de São Paulo.

Se vivemos em uma democracia, porque vocês, comandantes do país, do estado e do município não dialogam com o povo? Nós os colocamos aí nesses postos através do voto e pedimos apenas que vejam que não dá mais para pagar tão caro por um serviço de péssima qualidade.

Espero que seu passado faça com que veja que nossa luta é justa e que não podemos ser reprimidos como nos anos de chumbo. Essa é a minha esperança. Agora é com a senhora, presidenta!

sexta-feira, 7 de junho de 2013

Futebol é mais que bola rolando ... Provam os rebeldes

Na noite da última quinta-feira (6/6), ocorreu a abertura do Cinefoot, festival de cinema de futebol, no Museu do Futebol, em São Paulo. Um prato cheio para quem ama filmes sobre o esporte.
 
No entanto, além de iniciar o evento com um filme sensacional "Os Rebeldes do Futebol", dos franceses Gilles Peres e Gilles Rof, houve uma emocionante homenagem ao Dr. Sócrates.



Juca Kfouri, Carlos Caszely, Wladimir e Raí 

Você não precisa ser corintiano para admirar o Magrão. Até porque, ele foi parte da alma da inesquecível Seleção de 82. Só por isso basta. Entretanto, Sócrates fez  parte do movimento mais político do futebol brasileiro, encabeçando a Democracia Corinthiana que, como diz a jornalista Marília Gabriela, foi o momento em que "o futebol ficou inteligente".

O brasileiro é um dos personagens do filme da noite. E é daqueles que recomendo assistir, porque ali você vê como outros quatro jogadores de futebol usaram sua influência para movimentar o torcedor para as questões políticas em seus países.

A película mostra como o chileno Carlos Caszely, o marfinense Didier Drogba, o argelino Rached Mekhjouf e o bósnio Pedrag Pasic mudaram a história, provando, algo que sempre digo aqui, que política e futebol se entrelaçam tão seriamente que seria necessário criar uma disciplina para entender a força do esporte!

Todos os casos são emocionantes, mas o de Caszely, que esteve presente na abertura do festival em São Paulo, é um dos mais tocantes. Para quem não sabe, ele foi o único jogador da Seleção chilena que se negou a apertar a mão do ditador Augusto Pinochet antes do embarque para a Copa de 74. Em razão disso, a ditadura prendeu e torturou sua mãe, como uma forma de dar um recado para que o jogador não se pronunciasse mais contra o regime.

É tocante ver o relato da mãe do jogador que, posteriomente, ajudou o povo chileno a votar contra a continuidade de Pinochet em um plebiscito.

Não vou contar todas as histórias aqui. Só queria despertar em vocês a vontade de assistir o filme e refletir como o futebol pode ser uma importante arma para lutas sociais. É só saber mobilizar. Mas será que temos ainda em nossos gramados rebeldes como Sócrates, Drogba, Caszely, Mekhjouf e Pasic? Talvez, o último dos moicanos tenha sido romário, que hoje em outras esferas luta por mudanças!

No fundo, meu temor é que tenhamos apenas alienados com cabelos moicano, golas levantadas e fazendo dancinhas sem o menor sentido! 




Veja a programação do Cinefoot nas capitas das Copas das Confederações aqui

P.S. Quem puder, assista na próxima segunda (10/6), o documentário "Memórias do chumbo: o futebol nos tempos do Condor". Além de ter ganhado o prêmio, é uma baita lição de história sobre futebol, produzida pelo baita jornalista Lúcio de Castro, da ESPN Brasil!

sexta-feira, 31 de maio de 2013

"Quem não gosta de futebol bom sujeito não é"


Sempre tentei compreender como alguém pode não gostar de futebol. Para uma apaixonada como eu, talvez seja mesmo difícil. Mas, parodiando o grande Dorival Caymmi, penso que “quem não gosta de futebol bom sujeito não é”.

Explico: só o futebol, esporte bretão por origem e mundial por vocação, pode oferecer emoções à flor da pele como as que os torcedores do Atlético Mineiro sentiram ontem.

Para quem não viu o jogo é simples: o Galo empatava em 1 a 1 com o Tijuana e estava com passaporte carimbado para as semifinais da Libertadores até que, nos acréscimos, o juiz apitou um pênalti contra o time brasileiro.

Galo está há alguns jogos de título inédito
Eu, que não tenho ligações umbilicais ou clubísticas com o Galo fiquei em choque. Sim, o sonho de ficar mais perto da conquista sul-americana seria decidida em um chute. Imagine a cena! Os torcedores caíram aos prantos, pois embora pênalti seja loteria, o terror no Horto virou de lado.

Mas, como no ano passado como aconteceu com o Corinthians, o alvinegro mineiro está com sorte de campeão. E isso, amigo, para ganhar a Libertadores conta MUITO! E, em uma defesa magistral, daquelas para entrar na história, Vítor defendeu e segundos depois o juiz acabou o jogo.

Posso estar errada, mas emoção assim até acontece em jogos de basquete ou em uma luta de judô. No entanto, é no futebol que ela se perpetua em momento de suspense, amor, fé e glória!

Está certo que Vítor se adiantou na cobrança e o juiz fez vistas grossas. Blá, blá, blá à parte, o que importa para o torcedor atleticano é que a máxima de time pequeno está prestes acabar. O Galo Louco Brigador só perde o título se quiser — ou a arbitragem garfar. Do contrário, pode marcar a passagem para o Marrocos em dezembro!


E nós, loucos por futebol, só temos a agradecer pela emoção de assistir jogos assim! 

quarta-feira, 15 de maio de 2013

Avante, Palestra!


Não deu para o Palmeiras. Numa noite azarada do goleiro Bruno, a equipe palestrina perdeu para o Tijuana e está fora das quartas de final da Libertadores.

Mas não há motivos para choro. Desde o início, os torcedores palmeirenses sabiam que a equipe não tinha força para ir muito além na competição.

Torcida precisa ficar ao lado do time
Na verdade, há motivo para orgulho de ver um time desacreditado após cair para a série B do Brasileirão, chegar às semifinais do Paulista e ainda avançar até as oitavas na Libertadores quando tudo e todos desacreditavam.

É verdade que torcedor gosta de títulos, vitórias e alegrias. Afinal, esse é o sentido que nos leva a amar um clube. Mas os palmeirenses agora têm motivos de sobra para acreditar no retorno à série A do nacional.

E mais. Embora não seja um time de sonhos, o Palmeiras voltou a ter no seu DNA o espírito de luta. Esse foi o ingrediente especial para que a equipe tão desacreditada, até pela própria torcida, chegasse além das expectativas.

Há setores que precisam ser reforçados e, finalmente, parece que a paz volta a reinar no Parque Antártica, dando à nova diretoria a tranquilidade para encaminhar o clube de volta ao caminho certo.

Em seus quase 100 anos, o Palmeiras nunca teve uma fase como essa. Nem a queda para a série B anterior foi tão dura. A diferença é que agora o time parece ter força para, aos poucos, brigar de igual para igual com outros grandes.

Então, amigos palmeirenses, deixem as lágrimas no passado e vejam que o futuro pode ser bem diferente.  Assim eu acredito! Espero que vocês também!

segunda-feira, 13 de maio de 2013

Alex, tão bom quanto um bom e velho vinho



Torcedores de plantão, Alex voltou ao Brasil para ganhar seu primeiro título pelo Coritiba. O Coxa chega ao tetracampeonato paranaense, tornando-se ainda mais soberano no seu Estado.

Quanto a Alex, não há muito a dizer. O ídolo do Palmeiras e do Fenerbahçe continua jogando um bolão, daquele de encher os olhos. Talvez seja o último da espécie dos meias clássicos brasileiros.

 

Alex conquistou primeiro título com a camisa do Coxa
A idade não lhe pesa. Tal qual um bom vinho, quanto mais velho, Alex fica ainda melhor. Consciente e inteligente, oferece classe e futebol de qualidade por onde passa.

Em tempos de crise na Seleção Brasileira, fica claro o quanto Alex foi injustiçado ao não ter sido convocado para a Copa 2002. Não fosse o velho preconceito contra jogadores experientes, certamente estaria na lista para a Copa da Confederações 2013.


Alex tem qualidade de sobra para o meio campo de qualquer time do mundo. E não precisa de vigor físico – o que ainda tem – para comandar como um regente a orquestra que amarga o 19º lugar no ranking da Fifa.


Não podemos negar que hoje o maior concorrente de Alex tem jogado bem. Ronaldinho Gaúcho brilha e encanta como o futebol moleque de outrora, que o levou a ser aplaudido em pé pelas torcidas de Real e Barça, num dos clássicos de maior rivalidade do mundo.


Entretanto, quando veste a amarelinha Ronaldinho murcha e não é o mesmo cara do Galo. E não é à toa! O esquema de Felipão não lhe permite ser o maestro da Seleção.


Talvez com Alex fosse diferente! Não precisa de dribles e firulas para ser bom. Sua qualidade vai além disso. Pena que somente nós torcedores tenhamos essa visão!


Se a Seleção fosse escolhida pelo voto popular, com certeza Alex estaria lá. E, com sua experiência e sabedoria, poderia trazer de novo o sorriso do torcedor brasileiro, que anda amarelado, sem graça, de tanto ver que aquilo que amamos foi transformado em algo tão automatizado, que um drible e uma jogada de efeito são vistos como exceção e não regra.


Sorte do Coxa que tem Alex em campo! Porque o futebol nos clubes brilha muito mais que a Seleção....há tempos!

terça-feira, 30 de abril de 2013

Pizza suíça



 A verdade sempre vem à tona. Isso é um fato irreversível, que aprendi desde cedo com a minha mãe e levo como dogma vida afora.

Parece que João Havelange, Ricardo Teixeira e Nicolás Leoz não acreditavam muito nisso até poucas horas atrás. Afinal, nem as denúncias do jornalista Andrew Jennings, da BBC, no livro “Jogo Sujo” tinham conseguido abalar a confiança dos três mosqueteiros da corrupção.

Blatter, sucessor de Havelange, conseguiu escapar das denúncias

Eis que nesta manhã, as capas dos principais jornais e portais de notícias noticiam que Havelange, presidente de honra da Fifa, renunciou ao cargo 12 dias antes da divulgação do relatório do conselho de ética da entidade apontar que ele e seus fiéis escudeiros receberam subornos da empresa de marketing ISL entre 1992 e 2000.

O documento assinado pelo alemão Hans-Joachim Eckert, uma espécie de juiz do comitê, também afirma que os culpados deixaram os cargos que ocupavam na entidade. O único a se salvar da fogueira foi o presidente Joseph Blatter, inocentado das denúncias no relatório final.
A triste notícia é que apesar de tudo, nada acontecerá aos três corruptos, uma vez que, no período em que receberam dinheiro da ISL, a Fifa não tinha um código de ética que legislasse sobre o tema.

Segundo investigação da Justiça suíça, a ISL repassou aos cartolas nada menos que R$ 45 milhões. Embora fossem apontados como os chefões da máfia da ISL, nenhum dos três comentou o assunto.

A princípio, Havelange deixou o cargo no COI, Teixeira abandonou a presidência da CBF e Nicolás Leoz, semana passada, deixou a presidência da Conmebol alegando problemas de saúde.

A verdade, meus caros, é que vendo a chapa esquentar, os paladinos do suborno esportivo saíram de fininho para não passar a vergonha de uma expulsão da Fifa.

O que acontece agora? Nada. Vamos de pizza suíça, enquanto os três riem de nossas caras, gastando um dinheiro sujo!

quinta-feira, 25 de abril de 2013

Vaias para quem?


É com pesar que chego à conclusão de que o futebol da Seleção morreu de morte matada! Sim, foi sendo minado e destruído a conta gotas por aqueles que veem o jogo como arma de poder e não como o esporte lindo que é.

Já não importa tanto se vamos ganhar a Copa em casa – o que seria lindo de ver. Importam tantas outras coisas que, novamente, deixamos escapar.

Tínhamos em mãos a chance de dar a volta por cima, usar a realização das principais competições esportivas no país para mudar muitos aspectos do esporte e da vida urbana no país. No entanto, os planos não saíram do papel e o legado foi jogado para debaixo do tapete.

Vaias à seleção deviam se estender aos dirigentes
O pior é que a conta quem vai pagar somos nós que já somos atolados com tantos tributos. O fato, minha gente, é que assistimos atônitos aos desvios de verbas, superfaturamento das obras e tantas outras coisas ruins, sabendo que, mesmo se reclamarmos, nada vai acontecer.

Fora isso, estamos atrasados uns 13 anos com relação às outras seleções. Nosso futebol já não é o mais brilhante do mundo e os últimos comandantes da canarinho teimam em tratar o selecionado tal qual um quartel onde ‘quem pode manda e obedece quem tem juízo’. É assim que Parreira, Dunga e Felipão trataram o futebol até agora.

Não precisamos estar entre os melhores sempre. Mas precisamos evoluir. Se as outras seleções conseguiram por que não nós? Entressafra de jogadores, fase ruim, calendários apertados etc. não são respostas aceitáveis.

Temos que mudar a cabeça do dirigente, dos técnicos e mesmo dos jogadores. Falta profissionalismo e dedicação. E isso de certa forma acontece porque ganha-se muito para atuar nos gramados. O dinheiro fala mais alto que a capacidade técnica, que a vontade em campo e o merecimento. Muitos atletas têm sido convocados por outros interesses.

E aí, quando a torcida vaia e pega no pé, ainda acham que os presentes na arquibancada estão errados. Mas não estão. 

Desaprendemos a ter respeito ou qualquer emoção pela seleção desde que ela começou a ser sucateada ostentando no peito as cinco estrelas do pentacampeonato.

Quem hoje se preocupa com a canarinho se o clube pelo qual torce lhe dá mais emoção? Ninguém!

Então, a vaia de ontem à seleção não deveria ser direcionada apenas aos atletas ou ao técnico, mas a todos que transformaram a arte em negócio. Uma salva de palmas aos envolvidos (só que não)!


P.S. Felipão que me perdoe, mas volante bom é aquele que sabe marcar e sair jogando bem com a bola. Cito só alguns exemplos: Falcão, Vampeta e agora Paulinho. Se isso não te enche os olhos, que pena da nossa Seleção!

terça-feira, 23 de abril de 2013

Ah se fosse verdade...



Na última segunda (22/4), um grupo hacker chamado Syrian Electronic Army invadiu as contas oficiais no Twitter da Fifa e de seu presidente Joseph Blatter. Os ciberativistas anunciaram a renúncia do chefão da entidade.

Nas mensagens, os hackers diziam que Blatter admitia ter recebido para realizar a Copa do Mundo de 2022 no Catar para sustentar a entidade.

Blatter não assume casos de corrupção
Logo após a divulgação dos falsos tuítes, a Fifa pediu à imprensa que checassem as informações sobre a entidade no site da mesma, já que não conseguia apagar as mensagens postadas pelos hackers.

Brincadeiras à parte, quem não ficaria feliz com a renúncia de Blatter e a admissão dos crimes de corrupção que o mundo todo conhece?

Ao que me parece, o futebol por sua ampla expansão global deixou de ser apenas um esporte, tornando uma ferramenta política das mais poderosas. Afinal, através da bola é possível ganhar influência, dinheiro e poder.

Nós, que amamos o jogo, ficamos assistindo a tudo isso impassíveis porque as entidades que comandam esse mundo de sonhos – Fifa, Uefa e CBF – são entidades privadas e não dependem da nossa aprovação para continuar gerindo o esporte como uma máquina caça-níqueis.

Seria lindo – em um mundo utópico, eu sei – se em todo o mundo os torcedores fizessem greve e deixassem de ir aos estádios e assistir aos jogos ao menos um dia no ano. O impacto financeiro disso talvez abrisse os olhos para os mandatários do futebol.

Seria bom se, em vez de tratados como gado ou simples consumidores, fôssemos vistos como aquilo que realmente somos: torcedores.

É a nossa paixão que move essa máquina de milhões. Sem todos nós o que seria da Fifa, da Uefa, da CBF e de todas as confederações nacionais? A pergunta fica sem resposta, mas faz a gente pensar que seria lindo, de verdade, se as mensagens postadas pelos hackers fossem verdade e pudéssemos começar tudo de novo!

segunda-feira, 22 de abril de 2013

Salve Julio!


Já dizia a música popular que “Goleiro não pode falhar/ Não pode ficar com fome/ Na hora de jogar/ Senão, um frango aqui, um frango ali,/ Um frango acolá”. Fico imaginando se todo mundo que corneta os arqueiros mundo afora gostaria de estar no lugar deles em um momento decisivo? Certamente não.

Afinal, quem pode aguentar tanta pressão e, ainda assim, conseguir fazer milagres? Muitos são os exemplos: Cássio, Marcos, Rogério Ceni, Dida, Taffarel, só para falar dos mais recentes. No entanto, digam qual desses grandes goleiros nunca levou um frango ou falhou em um momento decisivo? Todos eles, certo?!

Julio Cesar conquistou nove títulos com a camisa do Corinthians 


Pois bem, na madrugada de ontem (21/4), fiquei sabendo que Julio Cesar, ex-titular do Corinthians, será emprestado para o Criciúma. Não que eu seja contra a transferência de jogadores. Foi-se o tempo em que eles eram “amarrados” aos clubes por contratos que o impediam de mudar de camisa.

Acho até que a mudança de ares ajudam os atletas a ganhar experiência, confiança e, claro, o dinheiro que vai ajudar a cuidar da vida depois que o futebol findar.

Sim, já cornetei o Julio Cesar. Como torcedora tenho esse direito. Mas as críticas foram pontuais. Afinal, sempre o achei um cara bacana, correto e esforçado e, jamais faria dele o Judas do meu time por sua incompetência em dados momentos.

Julio Cesar falhou nas quartas de final com a Ponte Preta no Paulistão 2012. No entanto, ele também foi o cara que pegou muito em 2011 na campanha do pentacampeonato brasileiro. Ou será que a memória curta dos arquibaldos esquece que torcemos como nunca para ele voltar para debaixo da trave após a contusão que levou ao gol o jovem Renan,que não aguentou a pressão e sucumbiu em jogos importantes?

Não me esqueço disso. E me emociono sempre que lembro do Julio comemorando aquele título no Pacaembu. Afinal, ele mereceu tanto quanto os outros ou até mais, já que a desconfiança sobre ele sempre foi um adversário a mais dentro de campo.

Desde aquele erro contra a Macaca, Julio Cesar passou de herói a vilão! Recaiu sobre ele a culpa de uma derrota que deve ser dividida entre os outros 10 que estavam em campo. Afinal, goleiro não ganha jogo sozinho. Se a zaga, o meio campo e o ataque tivessem funcionado, aquela partida teria outro final. E, talvez este outro fim tivesse mudado os rumos do Corinthians no ano perfeito de 2012 (vai saber?!).

Fico pensando se os corintianos farão de Julio Cesar o novo Barbosa do futebol nacional? Seria justo com ele carregar a cruz de erros de um grupo como o ex-goleiro do Vasco e da Seleção Brasileira carregou até o fim?

Em 2011, entrevistei o psicólogo do esporte João Ricardo Cozac sobre os casos constantes de suicídios/crimes envolvendo goleiros. Naquela época, somavam-se cinco casos do tipo. O especialista explicou que a pressão sobre esse jogador são muito grandes e podem levá-los a atos como os citados acima.

“O goleiro trabalha à parte dos outros jogadores e uma falha dele pode ser decisiva na decisão de título ou vencer uma partida. A posição do goleiro é meio ingrata. É a única posição dentro de campo em que não se pode errar”, relatou o psicólogo que já trabalhou em grandes clubes de São Paulo.

Segundo Cozac, os goleiros têm o que chamamos de emocionalidade exacerbada, ou seja, têm uma personalidade acima do nível dos demais, já que sua posição requer muita coragem.  Diante disso, qualquer falha faz com que esse jogador viva entre o céu e o inferno, o tempo todo. Para Cozac, as falhas acontecem porque “muitos goleiros são pessimamente treinados emocionalmente. Na hora que mais precisa-se desses atletas, eles não conseguem resolver por não ter um emocional fortalecido como se espera”.

O fato é que esquecemos que os goleiros são falíveis, tanto quanto o atacante que perde um gol incrível na linha do gol, o zagueiro que fura uma bola dentro da área ou um volante driblado na intermediária. E a culpa de uma derrota e de uma derrota devem ser compartilhadas com todo o time. Fazer do goleiro o saco de pancada é sacanagem pura.

Julio Cesar foi tão atacado pelos críticos das arquibancadas que precisou encerrar sua conta no Twitter, perdendo seu direito de ter um perfil no microblog por conta dessas pessoas perdem o limite entre a razão e a emoção.

Ao saber de sua saída do clube fiquei triste e aliviada. Triste porque não gostaria de vê-lo saindo por “desconfiança”, mas aliviada porque sei que essa mudança vai trazer a ele um pouco de paz e experiência para dar a volta por cima e voltar ao Parque São Jorge com o campeão que é. 

E você corintiano, se sente bem com isso? Se sua consciência diz que sim, então não sei o que é ser torcedor. Agora, se você se sentiu mal pense comigo: quer ajudar a criar um novo Barbosa?! Se a resposta não, vale à pena homenagear a prata da casa que ajudamos a espantar!



P.S. Se fosse tão ruim, acham que ele teria tantos títulos com a camisa do clube? Além do Brasileiro (2011), Libertadores (2012), Mundial de Clubes (2012), também conquistou outros canecos, como Copa São Paulo de Futebol Júnior (2004 e 2005), Campeonato Brasileiro (2005), Campeonato Brasileiro Série B (2008), Campeonato Paulista (2009) e Copa do Brasil (2009). 

sexta-feira, 19 de abril de 2013

Agora o bicho vai pegar!


Futebol é emoção. E quando falamos de futebol na Libertadores, haja coração!

Pela primeira vez na história da competição, seis times brasileiros disputarão as oitavas de final. Não foi fácil o caminho até lá. São Paulo, Grêmio e Palmeiras quase ficaram de fora por conta própria.

Ontem, após os últimos jogos da primeira fase conhecemos os adversários conhecemos os confrontos e já tem gente chorando. Não são os brasileiros, mas os torcedores argentinos do Boca Juniors que colocaram o Corinthians no Trend Topics do Twitter no país de tanto comentar o temor de enfrentar o campeão do mundo.

Romarinho empatando jogo na Bombonera, em 2012


Se pensarmos que o Boca Juniors sempre foi o bicho papão da competição, chega até ser engraçado o desespero dos hermanos. Significa que, embora eles tenham o melhor jogador do mundo, nossos clubes são mais fortes e dominaram o cenário futebolístico da América do Sul nos últimos anos.

Outra parada dura será a do São Paulo, que volta a enfrentar o Atlético Mineiro agora valendo uma vaga na próxima fase. Com certeza, Ronaldinho Gaúcho não vai encarar esses jogos como treino. Porque, se levar na brincadeira, os mineiros provarão que, mais uma vez, são as surpresas mais desagradáveis do torneio.

Grêmio, Fluminense e Palmeiras terão jogos relativamente mais fáceis. No entanto, terão que errar menos e colocar o coração na ponta da chuteira para seguir em frente.

Decisão mesmo tem o Corinthians, que vai à Argentina tentar eliminar seu adversário na final de 2012. Os tempos mudam, o futebol evolui e, embora favorito, o alvinegro não pode esquecer o peso da camisa do Boca.

Garantida mesmo só a certeza de bons jogos e muita emoção. Só esperamos que a Conmebol passe a realizar seu papel enquanto organizadora e evite que cenas como as de ontem, no Chile não se repitam. Afinal, futebol é alegria. Violência não casa com essa ideia. 

quinta-feira, 18 de abril de 2013

Fé, raça e determinação tricolor


Salve, salve moçada! Libertadores é emoção pura até o final. Que o digam os são-paulinos que, como a maior parte da imprensa, não acreditava no milagre da classificação para as oitavas de final.

Não tenho dúvidas de que futebol é tão amado justamente por ser tão imprevisível. Por maior que seja o favoritismo de um clube, outro menor pode simplesmente derrubar o óbvio ululante e acabar com a mística dos gramados.

O capitão mostrou compromisso com a equipe na decisão

Ontem (17/4), o São Paulo mostrou que, mais que um time de fé, tem uma camisa de peso capaz de superar qualquer favoritismo quando joga com vontade.

O maior pecado do Atlético Mineiro foi menosprezar um time como o Tricolor. O tricampeão da Libertadores pode não ter o melhor elenco e nem apresentou um futebol sensacional, mas apostou na seriedade em campo, enquanto os jogadores do Galo encararam com confronto como um treino (Ronaldinho Gaúcho deve estar arrependidíssimo até agora de ter dito isso no intervalo).

O fato, caros leitores, é que agora o time do Morumbi vem com força e fé para a próxima fase e pode colocar água no chopp da festa mineira. Não duvido que isso aconteça e a equipe de Ney Franco se torne uma das cotadas ao título.

Mas, para tudo isso acontecer, o São Paulo terá que aceitar suas limitações – que são muitas – e jogar focado, jogo a jogo, como tem feito o rival Palmeiras. Afinal, Libertadores não é Paulistão e será preciso vencer a próprias deficiências para seguir em frente.

Se o Galo jogar focado como na primeira fase (até o jogo de ontem), tem grandes chances de eliminar o rival paulista e seguir firme e forte na competição. Do contrário, pode ser mais um cavalo paraguaio comandado por Cuca, basta lembrar o Cruzeiro de 2011!

Por fim, aos amigos torcedores do São Paulo recomendo um pouco de pé no chão. Já tem gente contando com o título. Calma, muita calma nessa hora, pois tem água à beça para rolar debaixo da ponte. Mas comemorem sim! A vitória foi linda e merecida.

E o futebol é lindo por isso, por nos proporcionar noites de MUITA emoção!

quinta-feira, 21 de março de 2013

Larga o osso, Blatter!


O poder transforma as pessoas. Eu, em minha parca experiência, acredito que essa transformação é sempre para pior. Afinal, o poder corrompe e isso é um fato!

Nos últimos anos, entidades como COI, Fifa, Uefa, CBF e tantas outras foram colocadas em xeque!  A corrupção se entranhou nessas organizações e assistimos a tudo isso sem poder fazer muita coisa. Afinal, não são organismos públicos e, como entidades privadas, não dão a mínima para nossa opinião.

Blatter quer fazer sucessor em eleição na Fifa

Joseph Blatter, presidente da Fifa, é um dos sujeitos que mais nos causam arrepios. Sabemos tintim por tintim de seu envolvimento com desvios, lavagens de dinheiro e tantas outras transações escusas.

A candidatura de Blatter, para nossa sorte e alegria, está chegando ao fim. E quando pensávamos que este senhor sairia de cena. Eis que hoje (21/3), em Madri, ele revela que só não disputará sua quinta reeleição “desde que haja um candidato para substituí-lo que ele considere comprometido em continuar o trabalho de "globalizar" futebol”.

Para bons entendedores, como somos, o aviso soa assim: se eu não fizer meu candidato, vou concorrer e continuar mandando no futebol mundial.

A ideia de Blatter é que seus sucessores sejam Michel Platini, atual presidente da Uefa, e Angel Maria Villar, presidente da federação espanhola de futebol e vice-presidente tanto da Fifa como da Uefa. Ora, nem precisa dizer que ambos são seus aliados e que serão paus mandandos do senhorio.

O que vemos é que Blatter não quer largar o osso! Afinal, o que fará da vida sem tanto acesso a dinheiro e sem o poder que o futebol lhe traz? Pois é, amantes do futebol, pelo visto, vamos engolir seco... de novo!