domingo, 1 de maio de 2011

17 anos sem Ayrton Senna



Em 1994, eu tinha 14 anos. Era fã incondicional de Ayrton Senna. Não perdia uma só corrida. Naquele trágico 1º de maio de 1994, eu estava em frente à TV e assisti atônita meu ídolo morrer.

Até hoje me emociono quando falo de Senna. Sempre fica aquele nó na garganta e aquela vontade de voltar no tempo e dizer a ele: – Não corre hoje não. Fica mais um tempo entre nós.

Hoje completam-se 17 anos sem meu ídolo. E para homenageá-lo, publico aqui um texto que escrevi, em 1994. Tenho certeza de que ele demonstra a emoção e o amor pelo inesquecível e insuperável Ayrton Senna.

Ayrton Senna da Silva se foi, e a imagem que vai ficar é a daquele rosto com o sorriso sempre sereno, marcado pelo temperamento de quem viveu obstinado pela vitória. A imagem de um Brasileiro que levava de carona no cockpit a 300 km por hora o orgulho de toda uma nação.

Talvez tenha sido o último ídolo capaz de despertar em nós um sentimento esgarçado chamado PATRIOTISMO.

As mãos de Ayrton Senna, quando não estavam buscando a vitória, desfraldavam sempre a bandeira de um país extremamente altivo por obra e graça de sua própria genialidade.

Ayrton Senna foi contido por um muro. Se era a fim de pará-lo, não poderia ser de outra forma. Mas naquela fração de segundos que antecedeu ao choque, a trajetória do carro desgovernado indo inoxeravelmente para o ponto do choque, o país se pegou em um instante de incredulidade. Ayrton Senna voava em direção ao muro assassino. Já não havia nenhum milagre que pudesse impedi-lo de transpor o mais cruel dos limites, não havia também  como aceitar passivamente a fatalidade, mesmo quando ficou evidente que a vida do nosso campeão não existia mais.

A imagem repetida à exaustão, como se fosse preciso convencer as pessoas de que aquilo tinha realmente acontecido. O voo tresloucado do carro, o choque, o carro se espatifando, o capacete amarelo imóvel que ainda abrigava a cabeça quebrada, o socorro que até chegar transformou um minuto e quarenta numa eternidade. Não era possível mesmo a gente se conformar. Roubar de Senna a vida é uma atrocidade do destino. É como se tivessem impedido Pelé de disputar a Copa de 70 ou de fazer o milésimo gol. Vendo-o esvaindo-se dessa forma foi como testemunhar uma injustiça contra a qual nada pode ser feito. Um absurdo que nos permite até a confissão de outro absurdo: o de desejar que o tempo voltasse para avisa-lo do perigo, ou pelo menos, para dar uma ordem a ele: vai Senna, acorda Senna, levanta daí, ganha mais essa Senna.

Parte da culpa desta tristeza tem que ser deitada da conta do próprio Ayrton Senna, porque foi ele quem firmou a imagem de invencível, própria dos heróis que preferem o risco à sua segurança pessoal, como quando ele desafiava a implacável Lei da Inércia e trocava o conforto do asfalto liso pela adversidade da pista molhada. Abatido, agora, pela própria Lei da Inércia, deixa a saudade de um homem que era respeitado até quando não era querido. Que transformava seu país em pátria e devolvia aos compatriotas o orgulho do hino sempre que chegava ao topo do pódio.

Senna se vai derrotado por um muro, uma barreira física e imóvel e intransponível, até porque não havia homem que pudesse superá-lo em movimento. Até que esta barreira interceptasse sua trajetória, Senna era um gênio, agora Senna é um anjo...


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