terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

Do caos à barbárie

O fim do domingo deveria ser um dia feliz. A gente volta do estádio satisfeito em ver nosso time jogar – mesmo que tenha perdido. Afinal, torcedor adora aquela conversa pós-jogo para cornetar ou elogiar um craque.

No entanto, a coisa não foi assim para o santista Márcio Barreto de Toledo, 34 anos, pai de bebê de cinco meses. Enquanto aguardava um ônibus para voltar para casa após mais um San-São, foi tocaiado por 15 são-paulinos que tiraram sua vida sob paus, pedras, socos, pontapés e barras de ferro.

Ao longo dos meus 23 anos de arquibancada – comecei a frequentar estádios aos 11 anos – canso de ler notícias como esta. E fico indignada.

Márcio perdeu a vida e deixa um filho de cinco meses


Sim, a morte de qualquer torcedor me comove, porque obviamente penso que a próxima pode ser eu. Afinal,  frequento clássicos, não tenho medo (nem vergonha) de andar com a camisa do meu time por aí. E depois de cenas como esta fico pensando o quanto tem sido perigoso torcer para um time no Brasil.

Aquela coisa linda da paixão por um clube tem se transformado em motivo para matar. E pra quê? Será que somos incapazes de conviver com as diferenças? Nessas horas lembro de um trecho de um dos poemas mais lindos de Carlos Drummond de Andrade:
 
"Meu Deus, por que me abandonaste
se sabias que eu não era Deus,
se sabias que eu era fraco".


É assim que me sinto. E imagino que outras pessoas que amam o futebol devem se sentir também. Infelizmente, aqueles seres violentos e que vão para as arquibancadas só para arranjar confusão estão dominando o espaço da diversidade, da paixão e da alegria, transformando o futebol numa coisa triste.

Essas barras de ferro tiraram a vida do torcedor

Amo meu time como se ele fosse uma pessoa querida da família, mas fico pensando se vale a pena morrer por ele. Afinal, a vida de Márcio foi perdida em vão. O máximo que vai acontecer é o Santos lamentar a morte do torcedor com um minuto de silêncio. Os 15 caras que o mataram seguirão impunes e levando a violência estádios afora. O campeonato não vai parar. A bola vai continuar rolando...enquanto o medo se instaura em nossos corações.


P.S. Minha solidariedade à família de Márcio e aos santistas de todo Brasil. Essa impunidade tem de acabar!

quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

Quanto vale a vida?

Ao começar do dia 20 de fevereiro de 2013, o adolescente boliviano Kevin Spada vivia a ansiedade de assistir pela primeira vez um jogo do seu time, o San José, no estádio. Mal sabia ele que seu dia não iria terminar. Um sinalizador assassino, disparado por torcedores organizados do Corinthians, iria interromper o curso de sua vida.

Naquele triste dia, 12 torcedores foram presos. Alguns com participação no acidente, outros porque foram escolhidos pela polícia boliviana à revelia. No final da história, ninguém pagou pelo crime.

Morte de Kevin completa um ano. Ninguém pagou pelo crime


Este blog condenou a prisão de alguns inocentes no caso. Afinal, é preciso que os verdadeiros culpados paguem pelos seus erros. De certo modo, me arrependi disso, pois parte desses "inocentes" continuam participando de arruaças nos estádios Brasil afora.

Ao completar um ano da morte de Kevin, nada mudou. Muito pelo contrário, só piorou. A torcida que sempre foi a maior força e orgulho do Corinthians tem sido protagonista de diversos atos de violência. E os culpados? continuam impunes.

Ninguém acreditou muito que o menor de idade que se apresentou como autor do disparo do sinalizador era o real culpado. E se a Justiça brasileira e boliviana não se deram muito ao trabalho de investigar, vamos permanecer sempre na dúvida.

O que não muda é que Kevin morreu. Sua vida foi interrompida por uma bárbarie que não deveria ocorrer no templo sagrado do futebol, o estádio. Afinal, ali é o local para celebrar o maior espetáculo do mundo, não para chorar uma vida perdida.

Ninguém pagou ou vai pagar pela vida daquele torcedor do San José. Mas sua família vai carregar pra sempre a dor da perda e da impunidade.

Esse triste cenário que, diariamente, grita em nossa cara "isso tem de acabar"vai se perpetuando pela impunidade e por vidas perdidas, nos deixando com aquele sentimento de vergonha, medo e impotência.

Como corintiana, gostaria muito que meu clube e mesmo minha torcida honrassem o nome deste jovem e pudessem dar à sua família um pouco de alento por sua dor – não só financeiramente, mas homenageando decentemente. Como cidadã, gostaria de ver atrás das grades os autores de crimes. Mas isso, infelizmente, é apenas um sonho! 

Descanse em paz Kevin!

quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

A violência venceu a inteligência

A cada semana que passa fica mais claro que o time que tinha aprendido a errar menos — em campo e nos bastidores — está se afundando em suas próprias más escolhas.
Se há cinco anos o clube saía da segunda divisão para conquistar o mundo, usando o bom senso nas contratações e em suas decisões, desde o fim do ano passado parece ter perdido o compasso.

Paulo André deixa o Corinthians após ameaça das organizadas

A diretoria rachou. Gobbi perdeu apoio e começou a mandar sozinho no clube. E aí o Corinthians foi desmoronando como um castelo de cartas.

O primeiro grande erro ocorreu ainda em julho, quando o clube não se preparou para a saída de Paulinho. Era evidente que após a Copa das Confederações ele seria negociando. Em vez de aproveitar o fato de Elias estar dando sopa, o clube preferiu "economizar" e ficou sem nenhum dos dois...E isso matou o esquema vencedor de Tite.

O elenco corinthiano além de envelhecido, contava com o brilhantismo do craque Paulinho. Ao perdê-lo, ficou sem brilho, criatividade e foi esmorecendo jogo a jogo.

Sim, Tite teve sua parcela de culpa. Indicou jogadores ruins para complementar o elenco, apostou em Emerson em má fase e teve o azar de ter um grupo esfacelado por contusões. 
Mas sua saída do clube, embora fosse natural depois de um período tão vitorioso, foi traumática. A puxada de tapete de Gobbi articulada com Mano Menezes é de envergonhar.

A chegada de Mano mostra que Gobbi está preso ao passado. O técnico não é o mesmo que tirou o time da segunda divisão. E, no fim das contas, acabou desajustando a equipe, deixando-a ainda mais vunerável.

No penúltimo capítulo dessa triste história, está a invasão ao CT do clube que, ao que tudo indicada segundo os jornais de hoje, foi autorizada pela própria diretoria. Após as cenas de vandalismo e as ameaças, os jogadores foram abandonando o barco: Douglas, Pato e agora Paulo André.

De todas essas despedidas, a do zagueiro é a mais injusta. Há tempos estava sendo perseguido dentro e fora do clube por ser uma das cabeças pensantes do movimento Bom Senso.

Para aqueles que sempre viveram à sombra de que no Parque São Jorge a falta de inteligência entre os jogadores impera, parece que não souberam lidar com um jogador politizado e com intelectualidade acima da média.

No fim das contas, as ameaças e a violência marcaram mais um ponto. Paulo André deixa o clube não só porque vivia má fase, mas porque ousou criticar as estruturas envelhecidas deste futebol de sesmarias. A verdade é que, de novo, a violência venceu a inteligência.

E quem sai perdendo? É você, torcedor, que insiste em manter a postura de 20 anos atrás! 


P.S. Torço muito para que possamos ter muitos Paulo Andrés por aqui. Chegou a hora dessa moçada aprender a dar valor a outras coisas no futebol. 


P.S.2. Ao Zica das Artes desejo muito boa sorte. Você era demais para  falta de cérebro da nossa torcida!



sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

Pagando o Pato!

Todo time tem ou terá na sua história o chamado 'bonde". No passado, o termo era usado para criticar a contratação por muito dinheiro de um jogador que não valia tanto.

Há casos, como o de Leônidas da Silva que, chamado de bonde, chegou ao São Paulo e transformou o time numa equipe vencedora no fim da década de 40 e início dos anos 50. 

Corinthians continuará pagando salário e aluguel de mansão do jogador


Entretanto, na maioria das vezes, o bonde é mesmo só um trambolho que fica na equipe ganhando dinheiro e não ajudando em nada.

Corinthians teve alguns bondes clássicos, como Garrincha — com todo respeito ao maior jogador da minha opinião, mas já estava sem condições alguma de jogar quando foi para o Coringão —, Souza, Adriano e agora Alexandre Pato.

Se dimensionarmos apenas em questões financeiras, Pato é de longe o maior bonde da história do Corinthians. Comprado por R$ 40 milhões fez pouco, muito pouco. Isso até não seria um "problema", desde que ao menos mostrasse um mínimo de interesse e vontade em jogar bola. Mas não. O único interesse do atleta parece ser querer ganhar dinheiro às custas do clube.

Os protestos da torcida por sua passividade são totalmente corretos. Até porque, no Timão, algumas qualidades são essenciais: garra e força de vontade. No entanto, nesses meses no Parque São Jorge, Pato só se manteve "tranquilo" como ele cansa de repetir em suas entrevistas coletivas.

Ao que parece foi um dos responsáveis por ajudar a diretoria corintiana na demissão do Tite. Segundo ele, não jogava porque o técnico não gostava de sua pessoa. Mas não é para menos. Se algo que podemos imputar a Tite sempre foi a questão de colocar em campo aqueles que por merecimento e resultados estavam bem. E isso, poucas vezes aconteceu com Pato no período.

Nos bastidores, todos sabem que o pênalti mal batido pelo bonde de R$ 40 milhões na decisão contra o Grêmio na Copa do Brasil foi uma puxada de tapete contra Tite. Mais que isso, rendeu uma das cenas onde o elegante treinador perdeu a compostura e, com dedo em riste, declarou: 'Você é moleque e não joga mais no meu time". E não jogou. Só entrou quando não havia atletas disponíveis.

Também sabe-se, à boca pequena, que um atleta mais antigo do elenco partiu para cima de Pato nesta ocasião, mas foi contido pelos companheiros. E com razão. A vida do clube teria sido outra se ele tivesse decidido como poderia.

Nem vamos falar do racha que ele causou em sua chegada. Individualista, não se manteve próximo do grupo e foi boicotado pelo resto do elenco. Da arquibancada dava para perceber.

Longe de apontá-lo como o único responsável pela má fase alvinegra, também não podemos deixar de imputar sua parcela de culpa pelo momento. Até sua chegada, o Corinthians era uma equipe unida. Depois disso...

O fato revoltante na situação é a falta de percepção dos dirigentes sobre o perfil do atleta. Pato nunca teve a "cara do Corinthians". E isso é importante no time do povo. Gastou-se com ele um dinheiro que poderia ter sido usado para aquisição de outro grande nome, como o de Tévez, que além de mais barato já tinha uma relação com a torcida e, de longe, é muito mais jogador.

Essa transação de empréstimo do jogador para o São Paulo mostra que o Corinthians continuará pagando o Pato. Além de reforçar um dos principais adversários, vai desembolsar metade dos salários do atleta e, pasmem, pagar o aluguel de sua confortável mansão pela bagatela de R$ 40 mil mensais.

Aí fica a dúvida, a diretoria do clube é tão ingênua ou gosta de gastar dinheiro à toa? Porque com toda essa soma, a vida do clube poderia ser outra. O fato é que, com tantos erros no caminho, o torcedor continuará revoltado em continuar pagando o Pato!

quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

Rachou!

O Corinthians move paixões. E, essa passionalidade faz com que as crises e fases de sucesso sejam vividas com uma intensidade que nenhum outro clube consegue entender.

Nos meus 34 anos de Corinthians vivi situações desesperadoras. Só de lembrar como foi cair para a segunda divisão em 2007 os olhos ficam mareados. Sim, esse é o maior trauma de nossa história, mas também foi nossa maior alavanca para o topo do mundo em 2012.

Organizada de um lado, torcedor comum do outro
No entanto, nas últimas semanas, parece que aquele torcedor que tinha aprendido a lidar com as adversidades desapareceu. Em seu lugar voltaram a renascer aqueles tomados pelo ódio e pela violência, que são responsáveis por afastar cada vez mais o público comum dos estádios.

Sim, as coisas estão ruins. A gestão de Mário Gobbi é patética, beirando ao caos. Contratações erradas, supervalorização de atletas sem qualidade, traição ao trabalho de Tite etc. etc. etc.

Isso, com certeza, faz o sangue do torcedor ferver. É inacreditável ver o time que ganhou dois títulos no primeiro semestre de 2013 simplesmente ruir! São muitos os culpados, mas o clima do racha na diretoria está influenciando no vestiário. Só não vê quem não quer!

E tem mais: desde a chegada de Alexandre Pato o grupo rachou. Em parte por ciúmes, em parte com razão. Afinal, a completa falta de interesse do jogador mais caro do clube com a equipe é de dar nos nervos. E isso reflete nos atletas que estão há anos no Corinthians.

Não bastassem esses dois rachas – preocupantes – agora quem rachou também foi a torcida. Ontem, no Pacaembu, isso ficou evidente quando a Gaviões da Fiel resolveu protestar sentando-se e acompanhando o jogo em silêncio.

Protesto pacífico e até interessante, não fosse o fato que os membros da entidade passaram a agredir os torcedores comuns que, ao contrário deles, queria assistir ao jogo em pé e incentivando o time. A polícia interveio, teve pancadaria e alguns presos. Justo. Eles foram ao estádio prontos para a briga.

Do outro lado, foi emocionante ver que o torcedor comum não concorda com as ideias das organizadas em agir com violência. Ao incentivar o time num momento tão difícil, mostraram quem ama de verdade o Corinthians.

Os rachas são tantos que resolvê-los será complicado e difícil. Do jeito que está, acho que Mário Gobbi não termina o mandato de presidente e Mano Menezes logo mais vai abandonar o barco, pois ambos não aguentarão a pressão.

Ruim para o Corinthians. Afinal, foi a união em torno do time em 2007 e 2008 que o fez ressurgir das cinzas e voltar a um lugar de destaque. Se a torcida, que sempre foi Fiel nos momentos mais difíceis está rachada, é bom se preparar para outras páginas tristes em nossa história. Afinal, a força do Timão vem da arquibancada. E se ela, ao contrário do que diz a música, o abandonar, não restará mais nada. Sorte dos rivais!



P.S. É indescritível o sentimento de repulsa ao trabalho de Mário Gobbi após a troca de Pato por Jadson. Ambos, jogadores que não representam bem no futebol. Mas, pior que reforçar o rival é ainda pagar uma parte dos salários do Pato. Ou é muita burrice, ou muita ingenuidade. Pelo amor....

terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

Quebrando as pernas...da razão

A repercussão da invasão ao CT do Corinthians, no último sábado (1/2), parece não ter fim. E não por sensacionalismo, mas porque cada vez mais chegam à tona detalhes sórdidos de um pesadelo!

Em pleno século XXI, vivemos como na era medieval nos campos de futebol Brasil afora. Torcedor é tratado como gado, federações não se preocupam com calendário e as organizadas voltam a apresentar o pior lado da violência.

Emerson Sheik promete não abandonar o time, mesmo sob pressão da torcida


Depois de ler o comunicado da Gaviões da Fiel fiquei absorta. Pode ser que a invasão não tenha sido orquestrada pela diretoria da agremiação, agora dizer que a "imprensa marrom" tem caluniado a instituição insistindo em ligar o caso Oruro aos novos fatos. Ora, bolas! Se os caras presos na Bolívia estão constantemente ligados aos atos de violência — vide briga no jogo contra o Vasco e agora invasão ao CT —, a culpa é da imprensa em noticiá-los?

Ontem, recebi a informação de que a família de Emerson Sheik pediu para ele deixar o Corinthians. Também, pudera, os valentões que invadiram o centro de treinamento "só" queriam quebrar as pernas dele e de Alexandre Pato. Coisa simples e corriqueira, não?!

Claro que os familiares dos jogadores estão com medo. E têm razão para isso. Porque a irracionalidade está beirando a graus extremos. Dizem, até, que um dos torcedores queria matar o Pato. 

Criticar a má fase do time e dos jogadores é algo comum e direito do torcedor. Agora matá-los em razão disso? Não lembro de ninguém tentar fazer o mesmo quando o time caiu para a segunda divisão. E olha que a situação era muito, muito pior!

O problema é que o corinthiano, nos últimos anos, se acostumou com a vitória. Ganhou tudo de 2009 até 2013. É para acostumar mal mesmo. No entanto, parece que esses torcedores perderam sua personalidade e esqueceram que ser corinthiano é ser sofredor (graças a Deus!!!). Nada na nossa vida futebolística é fácil. Teremos derrotas arrasadoras e vitórias triunfantes. É assim a nossa história! 

O que não podemos — e não devemos esquecer — é que violência não leva a nada. Muito pelo contrário, só nos prejudicou, basta lembrar o jogo na Libertadores com portões fechados e a perda de vários mandos de jogo.

Sou à favor da greve dos jogadores porque é preciso Bom Senso não só dos clubes, mas de todos os envolvidos... E não me venham dizer que Paulo André está jogando mal porque lidera o movimento. Tem alguém jogando bem? Não misturem as bolas, por favor!

E por fim, sobre o Sheik, o que apurei é o seguinte: "Não vou embora do Corinthians. Eu amo o clube e vou encerrar minha carreira aqui". Agora, ele tem andando com seguranças...uma pena!


P.S. Eu sei que torcedor de futebol tem memória curta e que a má fase de Emerson só pioram as coisas, mas querer quebrar as pernas do cara que "acabou" do sentido bom da palavra com o Boca Juniors em pleno Pacaembu é demais da conta....

segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

Essa vergonha tem que acabar

Imagine esta cena: você está reunido com sua família em sua casa e, de repente, 100 marginais invadem seu lar. Agressivos, eles quebram vidros, roubam objetos, ameaçam a vida de seu filho predileto tentando enforcá-lo e ainda pegam sua faxineira como refém.

Aí, sem mais, nem menos, depois de todo o terror e estrago, mesmo com a chegada a polícia eles vão embora impunementes, como se o que acabara de acontecer com sua família fosse algo comum.

Mas não é. A cena não aconteceu num lar brasileiro, mas no centro de treinamento de um dos principais clubes do País e os agressores são afiliados de torcidas organizadas do time.

Guerrero foi esganado por um torcedor que envadiu o CT


Tudo isso aconteceu porque eles acham que, após uma derrota, o time precisa jogar não por amor, mas por terror. Funcionou? Não, só piorou a situação.

O Corinthians entrou em campo derrotado no último domingo. Não porque vive uma fase ruim, mas porque os jogadores estão apavorados. E com razão.

No Twitter, uma garota que se diz corintiana divulgou a placa do carro do zagueiro Paulo André para o microblog da Gaviões da Fiel, como que incentivando a perseguição ao jogador.  A placa dos veículos de outros jogadores parecem que caíram nas redes sociais.

Depois de toda essa confusão o Corinthians não deveria ter entrado em campo. Não em desrespeito aos outros milhares de torcedores que sabem cobrar sem violência, mas justamente porque como profissionais, jamais deveriam ter passado por essa experiência. 


Faltou tato à Federação Paulista de Futebol e, especialmente, à Rede Globo, detentora dos direitos de transmissão da partida, que "forçaram" o time a jogar. O resultado, como era de se esperar, foi uma equipe nervosa e com medo. Porque sabem que, se bobear, aqueles mesmos bandidos de sábado podem bater às suas portas, mas desta vez não do clube, mas de suas casas.

O que fazer diante de tudo isso? Ora, não entendi até agora porque a polícia não prendeu os invasores. E olha que parte daqueles que foram presos em Oruro, na Bolívia, quando da morte do garoto Kevin Espalda, e depois protagonistas da selvageria em partida contra o Vasco da Gama estavam por lá. Não seria reincidentes? Não deveriam estar atrás das grades?

O País que organizar a próxima Copa daqui alguns meses a cada semana que passa mostra que não tem estrutura física, muito menos organizacional para lidar com hooliganismo à brasileira.

Espero, de coração, que o Ministério Público ou outro órgão competente faça algo de efetivo para acabar com as torcidas organizadas. Porque, daqui a pouco, o estádio será apenas a praça de guerra deles e não o palco do futebol de todos!